Era um dia igualzinho ao de hoje, deprimentemente cinza e húmido até aos ossos. E de repente, solto um olhar pela janela e vejo no céu uma porta aberta: um sol desfocado e laranja, perfeitamente redondo, espreitava pela densidade nublada e estimulava toda a poesia em mim. Pensei: tenho que registar isto já. Mas a máquina fotográfica foi mais lenta que o despotismo meteorológico, e o que ficou do momento foi isto. O resto, fica só para mim...
7.12.07
um segundo tarde demais
Era um dia igualzinho ao de hoje, deprimentemente cinza e húmido até aos ossos. E de repente, solto um olhar pela janela e vejo no céu uma porta aberta: um sol desfocado e laranja, perfeitamente redondo, espreitava pela densidade nublada e estimulava toda a poesia em mim. Pensei: tenho que registar isto já. Mas a máquina fotográfica foi mais lenta que o despotismo meteorológico, e o que ficou do momento foi isto. O resto, fica só para mim...
depois das trevas!
1.10.07
calor
enquanto trocas as cordas
14.9.07
no comment
Pergunta: Senhores da Guerra, quant@s mais, de cada lado, precisam morrer???
Foto: Linda_Casablanca, Abril 2006
7.9.07
requiem for a fast sweet little love
Observa, como somos diferentes no nosso espaço.
Deixamos de ter piada; somos, até, ridículos
(pensando que poderia ter sido outra coisa).
Hoje quase que chorava por ti desalmadamente.
Mas não consegui sequer puxar uma lágrima mísera.
Apenas pensava
que bom
que tudo tinha sido resolvido tão depressa.
E enquanto conduzia solitária
na serenidade do meio da noite
fazia-te o funeral.
29.8.07
history repeats itself
21.8.07
pArabéNs A ti
13.8.07
terra bruta, quente e fria
a poeira que os insectos te levantam
brilha na sombra das árvores
e as borboletas brincam aos pares
nas tuas folhas.
O teu verde alado
resiste à incandescência dos graus crescentes
que mudam a cor da luz;
a pele arde e transpira
repousando ao fim do dia
sob o céu sereno,
cheio da tua altitude.
Minha terra bruta,
onde o som das palavras se transforma,
alteram-se todos os sentidos
e a vida dilui-se na pacatez das tuas horas
ao ritmo das notas suadas no relógio da igreja.
Terra bruta,
arrancas a animalidade da alma
e apaziguas o desassossego.
Violentas os poros
e acalmas o ser.
máscaras da solidão
repousando na pele de alguém
à procura de nada.
Sorriso aberto a convidar
a partilha de quem tem tudo para dar
num fulminante momento
sem critério e sem razão.
E depois de tudo arrumado,
deixar que a existência retome o seu rumo,
na invariável incerteza dos dias carregados de história.
23.7.07
ainda eu não era nascida
(Ivan Illich, A Escola e a Repressão dos Nossos Filhos, 1976, p.15)
4.7.07
the thrill of fear now greatly enjoyed with courage
2.7.07
máquinas que matam pessoas
Provavelmente iam a casa almoçar, ou passar a tarde na praia. Todos os projectos ficaram ali, entre o sonho e a estrada.
O meu instrutor, homem carrancudo e agressivo, cujos berros fariam tremer qualquer um de nós aprendente da condução, disse-me, num dia mais sereno: Menina, isto é uma máquina de matar pessoas.
Outra vez as máquinas, outra vez o homem e a mulher na sua relação hipermoderna com esses aparelhos que ganharam vida própria depois de os termos inventado. Outra vez duas máquinas levaram a melhor sobre uma vida, rasgando-a em pedaços, essa vida que mal começava!
Mas afinal: é a máquina que mata as pessoas ou são as pessoas que fazem com que a máquina se transforme numa assassina?
30.6.07
mmmhhh...
26.6.07
Ao som de Rui Lage revoltam-se os versos
In "Revólver" (Quasi Edições, 2006)
Se pudesses, O'Neil, ver hoje o teu país,
(ou tu, Assis Pacheco, filho pródigo
destes quintais floridos)
velho de oito séculos e pouco mais velho
desde que o deixaste,
país que secretamente não vota
para não se maçar
enquanto furta com arte as gaiolas vizinhas
a cantar nas paredes caiadas,
país com mais que fazer
(futebol para ver
e mato para queimar);
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se pudesses vê-lo agora
não levarias a peito,
mas confirmarias, estou certo,
que tem defeito de nascença
ou de fabrico,
mais valendo, por isso,
como em vida tua valeu,
deitar por terra a lança do ódio,
fechar a navalha do tédio,
sacudir o ombro amigo da solidão
e rir sonoramente de tudo,
talvez não tanto à porta da pastelaria
como hoje em dia, à porta dos chineses,
mas rir sonoramente de tudo, dizia,
- de ti mesmo,
sobretudo.
23.6.07
Cigarretes and snow
Fumei um cigarro proibido na rua da cidade fria.
Agora contigo, num café com classe, ao pé de um vidro
De onde podemos distrair-nos com as vidas alheias em fúria lá fora
Entretendo-nos para além de todas as angústias
Na melancolia das últimas horas
Foto: Isabel Pereira Gomes_Genève, Setembro 2006
21.6.07
Braga poeta e revolucionária
(Saloon, Edições Mortas)
A Rua
A rua é sempre a mesma
Acima abaixo abaixo acima
Entras nas casas nos bares
Nas camas
Falas
Calas
Encontras este e aquela
Entras neste e naquela
Fornicas a solidão
Facas guerras guitarras
Ilhas descobertas
A coisa arde queima
Cais
Levantas-te
E depois sais
Como se fosse nada
É sempre a mesma rua
O mesmo copo
A mesma canção
E tu gostas.
Foto: Isabel Pereira Gomes_Rua dos Crocodilos, CPH, Março 2007
20.6.07
(co)Incidências
17.6.07
soren
10.6.07
Princípio de Primavera em Monsaraz
9.6.07
ao sábado de manhã / on saturday morning
Cada pedaço de terra é a memória de uma pele, de uma alma, do cheiro de alguém.
Each piece of land is the memory of a skin, of a soul, of someone's scent.
8.6.07
Em Christiania (o bairro da discórdia), há um totem especial...
6.6.07
relentless restlessness (björk)
http://www.indybay.org/newsitems/2007/04/07/18391409.php
http://www.breakingnews.ie/world/?jp=MHKFKFMHIDID&rss=rss1
http://thecopenhagenreport.blogspot.com/2007/03/ungdomshuset-action-continues-but-what.html
http://www.guardian.co.uk/frontpage/story/0,,2027460,00.html
4.6.07
Historical record (with a tiny courtesy to foreign visitors)
Foto: Isabel Pereira Gomes_Novembro 2002
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Em 1994, eu tinha um diário e escrevia-lhe em inglês. Foi nas suas folhas cor-de-rosa fininhas, no dia 29 de Outubro e precisamente às 12:32h, que registei em directo o nascimento da Internet:
In 1994, I had a journal and wrote to it in English. In its thin pink pages, on the 29th of October and at 12:32h precisely, I registered live the Internet birth:
Yo!
Sorry I didn’t write yesterday… I just didn’t feel like it, I guess! :( (…) Well… I got two letters yesterday: one from Rima (Lithuania) (…) And another one from… Tcham Tcham!!! :) L. CHRISTIAN!!! YESSSSSSSSSSSS!
I was so happy to get her letter! :) (…) Cuz I really dig that chick! (…) She’s now got a computer system which allows otha chicks to get in touch with her: by computer! Isn’t that great? Too bad it’s only possible in the USA!
Luv ya. Lizzie Mac
Aqui têm a minha contribuição para o registo da história da evolução humana.
Here’s my contribution to the registering of the history of the human evolution.
3.6.07
Os restos das palavras
Esta relação estranha homem-máquina que a evolução incrustou nos nossos quotidianos e que nos torna todos os dias um pouco mais preguiçosos, amorfos e lentos.
As máquinas ganham gradualmente terreno nas vidas dos homens-mulheres, apropriam-se dos seus patrimónios, das suas famílias, dos seus amigos, dos seus colegas de trabalho e de outros ilustres conhecidos.
Sabem tudo sobre as moradas dessa gente e doutra, sobre as dívidas e as riquezas de cada um, sobre todos os seus pequenos e grandes segredos.
Se as máquinas se perderem, se estragarem, desaparecerem, a vida do ser humano transforma-se num vazio, na total ausência de memória.
Até que as relações se restabeleçam dessa catástrofe pessoal, ao ritmo de cada novo encontro com o outro ser.
As máquinas são os baús das vidas. E as palavras são os baús do tempo.
As palavras transportam todos os significados e ficam gravadas em nós.
2.6.07
se eu fosse o arnold...
Cá estou novamente, caríssima comunidade virtual.
Como se diz em árabe: mar'haba, i.e., olá (a tod@s). Novamente.
A verdade é que, visitar este espaço "congelado", hoje, despertou em mim o formigueiro nos dedos, aquele que não se consegue parar. Incontrolável, apoderou-se desta alma e resgatou o blog adormecido e sereno. Pois voltei, para o perturbar, acalmando-me.
Apesar da exposição pública a que votamos as nossas palavras nestes sítios, situação que não me apraz por aí além, admito que isto de se escrever para o mundo inteiro, sem propriedade, é (no mínimo) interessante; ou como alguém já disse ou escreveu, democrático. Tudo ao acesso de toda a gente.
Pois aqui me têm. Como eu sou. Só às vezes.
A tod@s, um excelente sábado. O meu, como depende única e exclusivamente de mim, vai ser.
et maintenant, un peu de poésie…
To day j’ai la vague à lames
Je n’sais trop pourquoi …
Je sens mon coeur sur la lame
Dune vague de froid
Suis-je dans le no-Mans land qui sait
Ou dans le no-way
Nobody knows
Si lon joue vrai
Ou bien over play
O.k. o.k. yeah
(Serge Gainsbourg, le joueur des mots...
Variations sur le Même T'aime)
Foto: Isabel Pereira Gomes_Jardins da Gulbenkian, Lisboa, Maio de 2007