30.6.07

mmmhhh...



Já me puseste nervoso outra vez
There you go eating my brain again
Já tenho aqui o teu postal e tudo,
with your unreadable handwriting,
o incómodo da esferográfica,
and the closeness of the words.

Foto: João Feijó_Berlim, Jewish Museum, Dezembro 2005

26.6.07

Ao som de Rui Lage revoltam-se os versos

O país à porta
In "Revólver" (Quasi Edições, 2006)

Se pudesses, O'Neil, ver hoje o teu país,
(ou tu, Assis Pacheco, filho pródigo
destes quintais floridos)
velho de oito séculos e pouco mais velho
desde que o deixaste,
país que secretamente não vota
para não se maçar
enquanto furta com arte as gaiolas vizinhas
a cantar nas paredes caiadas,
país com mais que fazer
(futebol para ver
e mato para queimar);
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se pudesses vê-lo agora
não levarias a peito,
mas confirmarias, estou certo,
que tem defeito de nascença
ou de fabrico,
mais valendo, por isso,
como em vida tua valeu,
deitar por terra a lança do ódio,
fechar a navalha do tédio,
sacudir o ombro amigo da solidão
e rir sonoramente de tudo,
talvez não tanto à porta da pastelaria
como hoje em dia, à porta dos chineses,
mas rir sonoramente de tudo, dizia,
- de ti mesmo,
sobretudo.

Foto: Isabel Pereira Gomes_Genève, Setembro de 2006

23.6.07

Cigarretes and snow



Quando acordei, a neve espessava enquanto caía.

Fumei um cigarro proibido na rua da cidade fria.

Agora contigo, num café com classe, ao pé de um vidro
De onde podemos distrair-nos com as vidas alheias em fúria lá fora
Entretendo-nos para além de todas as angústias
Na melancolia das últimas horas


Foto: Isabel Pereira Gomes_Genève, Setembro 2006

21.6.07

Braga poeta e revolucionária

A. Pedro Ribeiro
(Saloon, Edições Mortas)

A Rua
A rua é sempre a mesma
Acima abaixo abaixo acima
Entras nas casas nos bares
Nas camas
Falas
Calas
Encontras este e aquela
Entras neste e naquela
Fornicas a solidão
Facas guerras guitarras
Ilhas descobertas
A coisa arde queima
Cais
Levantas-te
E depois sais
Como se fosse nada

É sempre a mesma rua
O mesmo copo
A mesma canção
E tu gostas.


Foto: Isabel Pereira Gomes_Rua dos Crocodilos, CPH, Março 2007

20.6.07

(co)Incidências

Foto: João Feijó_Berlim, Dezembro 2005

O Extraordinary Machine da Fiona Apple tem o mesmo nome de família do álbum do Tom Waits (Bone Machine).
Eu acho que ambas as criaturas têm o mesmo sangue pulsando-lhes nas veias.

[ideia fermentada no “estupidamente barato” (Lux, 2007) suburbano da CP – Braga/Porto]


17.6.07

soren

Bewitched, bothered and bewildered am I.
(Frank Sinatra)




Foto: Isabel Pereira Gomes_Copenhaga, Março 2007

10.6.07

Princípio de Primavera em Monsaraz



Vénus tão perto.
Os chocalhos e o ninguém.
A surpresa, a todo o pulsar, no meio do nada.
As folhas manchadas de noite(s) esquecidas.
Os dias que não dizem tudo o que nasce e que morre.









Foto: Isabel Pereira Gomes_Março 2007

9.6.07

ao sábado de manhã / on saturday morning


Cada pedaço de terra é a memória de uma pele, de uma alma, do cheiro de alguém.
Each piece of land is the memory of a skin, of a soul, of someone's scent.

Foto: Isabel Pereira Gomes_Bremen, Janeiro de 2007

8.6.07

Em Christiania (o bairro da discórdia), há um totem especial...


Foto: Isabel Pereira Gomes_Copenhaga, Março 2007


The EUROPEAN TREATY strikes AGAIN!!

6.6.07

relentless restlessness (björk)


Foto: Isabel Pereira Gomes_Copenhaga, Março 2007


Lembram-se dos protestos de Copenhaga? A luta continua.
Remember the Copenhagen riots? The fight goes on.

Para saber mais, por exemplo:
To know more, for instance:

4.6.07

Historical record (with a tiny courtesy to foreign visitors)




Foto: Isabel Pereira Gomes_Novembro 2002

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Em 1994, eu tinha um diário e escrevia-lhe em inglês. Foi nas suas folhas cor-de-rosa fininhas, no dia 29 de Outubro e precisamente às 12:32h, que registei em directo o nascimento da Internet:
In 1994, I had a journal and wrote to it in English. In its thin pink pages, on the 29th of October and at 12:32h precisely, I registered live the Internet birth:

Yo!
Sorry I didn’t write yesterday… I just didn’t feel like it, I guess! :(
(…) Well… I got two letters yesterday: one from Rima (Lithuania) (…) And another one from… Tcham Tcham!!! :) L. CHRISTIAN!!! YESSSSSSSSSSSS!
I was so happy to get her letter! :) (…) Cuz I really dig that chick! (…) She’s now got a computer system which allows otha chicks to get in touch with her: by computer! Isn’t that great? Too bad it’s only possible in the USA!
Luv ya. Lizzie Mac

Aqui têm a minha contribuição para o registo da história da evolução humana.
Here’s my contribution to the registering of the history of the human evolution.

3.6.07

Os restos das palavras



Foto: Isabel Pereira Gomes_Musée d'Art et d'Histoire, Genève, Setembro de 2006
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Hoje sobram-me todas as palavras que não escrevi, e o computador é muito lento para as registar.

Esta relação estranha homem-máquina que a evolução incrustou nos nossos quotidianos e que nos torna todos os dias um pouco mais preguiçosos, amorfos e lentos.
As máquinas ganham gradualmente terreno nas vidas dos homens-mulheres, apropriam-se dos seus patrimónios, das suas famílias, dos seus amigos, dos seus colegas de trabalho e de outros ilustres conhecidos.
Sabem tudo sobre as moradas dessa gente e doutra, sobre as dívidas e as riquezas de cada um, sobre todos os seus pequenos e grandes segredos.
Se as máquinas se perderem, se estragarem, desaparecerem, a vida do ser humano transforma-se num vazio, na total ausência de memória.
Até que as relações se restabeleçam dessa catástrofe pessoal, ao ritmo de cada novo encontro com o outro ser.
As máquinas são os baús das vidas. E as palavras são os baús do tempo.

As palavras transportam todos os significados e ficam gravadas em nós.

2.6.07

se eu fosse o arnold...


... esse digníssimo (??) senador, teria dito: "I'll be back", em vez de adeus...


Cá estou novamente, caríssima comunidade virtual.

Como se diz em árabe: mar'haba, i.e., olá (a tod@s). Novamente.

A verdade é que, visitar este espaço "congelado", hoje, despertou em mim o formigueiro nos dedos, aquele que não se consegue parar. Incontrolável, apoderou-se desta alma e resgatou o blog adormecido e sereno. Pois voltei, para o perturbar, acalmando-me.

Apesar da exposição pública a que votamos as nossas palavras nestes sítios, situação que não me apraz por aí além, admito que isto de se escrever para o mundo inteiro, sem propriedade, é (no mínimo) interessante; ou como alguém já disse ou escreveu, democrático. Tudo ao acesso de toda a gente.

Pois aqui me têm. Como eu sou. Só às vezes.

A tod@s, um excelente sábado. O meu, como depende única e exclusivamente de mim, vai ser.

prelúdio


Foto: Isabel Pereira Gomes_Carouge, Setembro de 2006

et maintenant, un peu de poésie…


To day j’ai la vague à lames
Je n’sais trop pourquoi …
Je sens mon coeur sur la lame

Dune vague de froid
Suis-je dans le no-Mans land qui sait
Ou dans le no-way
Nobody knows
Si lon joue vrai
Ou bien over play
O.k. o.k. yeah





(Serge Gainsbourg, le joueur des mots...
Variations sur le Même T'aime)


Foto: Isabel Pereira Gomes_Jardins da Gulbenkian, Lisboa, Maio de 2007